sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Desordens psiquiátricas são as doenças que mais deixam pessoas incapacitadas no mundo

Os piores impactos vêm da depressão, da ansiedade e dos distúrbios causados pelo uso de drogas
Historicamente, transtornos mentais e por uso de substâncias lícitas e ilícitas não são uma prioridade de saúde global, especialmente quando comparados a doenças como câncer e problemas cardiovasculares. No entanto, eles são a primeira causa, nas 187 principais nações do planeta, a levar indivíduos a viverem com incapacidade. Apenas em 2010, foram mais de 175 milhões de anos de vida perdidos pela população mundial em situação de impotência causados prioritariamente por depressão, uso de drogas ilegais e esquizofrenia (em ordem decrescente de impacto). O cálculo foi feito pelo grupo internacional de pesquisadores que compõem o Estudo Global da Carga de Doenças (GBD), divulgado neste mês, na revista científica The Lancet.

Eles alertam para o perigo da negligência nos serviços de saúde referente ao tratamento dessas desordens, que, em muitos países, estão até mesmo separados dos cuidados majoritários, com mobilização de recursos incompatível com o seu impacto global. Em 20 anos, a carga desses distúrbios na saúde global aumentou em quase 40%. Os pesquisadores acreditam que a maioria deles foi impulsionada pelo crescimento da população e pelo envelhecimento. O primeiro trabalho, realizado em 1990, mostrou que os transtornos neuropsiquiátricos — que, na época, englobavam distúrbios neurológicos, demência, uso de substâncias e distúrbios mentais — foram responsáveis por mais de um quarto de toda a carga não fatal.

Cinco das 10 principais causas de incapacidade no mundo já estavam incluídas na categoria de desordem neuropsiquiátrica. “Hoje, essas desordens são responsáveis por uma carga global na saúde maior que a tuberculose, o HIV/Aids, o diabetes ou as lesões por transporte”, reforça a autora do estudo, Louisa Degenhardt, do Centro de Pesquisa Nacional em Drogas e Álcool da Faculdade de Medicina da Universidade de South Wales, na Austrália. No total, em 2010, doenças mentais e por uso de substância foram responsáveis por 183,9 milhões de anos de vida perdidos tanto por morte prematura quanto por serem vividos com incapacidade, medida conhecida na epidemiologia por DALY (sigla em inglês). O número corresponde a 7,4% de todos os DALYs no mundo.

Desse universo, os transtornos depressivos são os grandes representantes (40,5%), seguidos por distúrbios de ansiedade (14,6%), pelos transtornos causados pelo uso de drogas ilícitas (10,9%), pelo uso de álcool (9,6%) e por desordens altamente debilitantes, como a esquizofrenia (7,4%) e o distúrbio bipolar (7,0%). Diferentemente de outros males que comprometem drasticamente a saúde e levam ao óbito precoce, essas desordens têm um impacto maior na qualidade de vida do indivíduo. Dos quase 200 milhões de DALYs atribuídos a elas, somente 8,6 milhões estão associados aos anos perdidos por morte prematura, o equivalente a 232 mil fatalidades. A grande maioria deles (81,1%) está ligada a transtornos pelo uso de substâncias.

Efeitos regionais
A quantidade de DALYs teve uma grande variação por sexo. Curiosamente, os meninos menores de 10 anos tiveram uma proporção maior de carga do que as meninas em idade equivalente. Essa diferença foi especialmente evidente no caso de distúrbios de comportamento na infância, nos quais a carga dos meninos foi mais que o dobro do impacto registrado para o outro sexo.

Degenhardt chama atenção para a variação regional dos transtornos. Os distúrbios alimentares tiveram a maior diversidade, sendo mais de 40 vezes maior na região da Australásia que no oeste da África Subsaariana. O uso do álcool também variou em mais de 10 vezes entre as regiões. Ela conta que o efeito dos conflitos regionais pode ser claramente observado em países como o Afeganistão, o que é consistente com as análises do modelo de desordens de ansiedade e depressão nos quais o estado de conflito possui um efeito significativo para a prevalência dessas doenças. Apenas a China, a Coreia do Norte, o Japão e a Nigéria produziram DALYs totais estatisticamente menores que a média global.

Terapias negligenciadas
Para Sérgio Tamai, doutor em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, a disponibilidade, o acesso e a busca por tratamento dos transtornos mentais são menores que em outras doenças. “Sabemos que, no mundo inteiro, os sistemas de saúde, sejam privados ou públicos, não têm capacidade de lidar com o número de pessoas que têm transtorno mental. Isso é uma realidade.”

O texto da equipe de Degenhardt mostra que, apesar dos custos pessoais e econômicos, as taxas de tratamento para as pessoas com transtornos mentais e por uso de substâncias são baixos, com lacunas de tratamento de mais de 90% nos países em desenvolvimento. Três principais razões para isso são a escassez de recursos humanos e financeiros disponíveis, as desigualdades na distribuição desses recursos e a ineficiência ao usá-los.

Mesmo em países desenvolvidos, o tratamento seria fornecido muitos anos após o início da desordem. Já uma característica comum a todos os países é o estigma sobre os transtornos mentais e o uso de substâncias. Isso seria responsável por uma restrição do uso dos recursos disponíveis. “A combinação de estigma e grandes lacunas de tratamento contribui para a exclusão social e as violações dos direitos humanos básicos dos indivíduos com transtornos mentais”, afirma Degenhardt.

Tamai acredita que o investimento nessa área também ainda é muito tímido. “Embora seja um quadro grande de pacientes e uma causa importante de incapacitação das pessoas para trabalhar e para viver, o investimento é muito pouco”, lamenta.

Um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial estimou que o efeito dos transtornos mentais acumulado em termos de produção econômica perdida pode chegar a US$ 16 trilhões nos próximos 20 anos. O valor seria equivalente a 25% do PIB global em 2010. Os problemas associados com a carga dos transtornos mentais e uso de substâncias são especialmente graves nos países em desenvolvimento, que gastam menos de 2% de seus orçamentos de saúde na saúde mental. 



“Os distúrbios mentais já são conhecidos como uma das principais causas de incapacidade desde os anos de 1990, quando o primeiro estudo foi feito. O que eles fizeram, agora, foi ampliar a avaliação e incluir algumas desordens e características, como o uso danoso do álcool e de outras substâncias que também são uma grande causa de incapacitação. O uso prejudicial do álcool pode ter vários desfechos: a doença, a intoxicação, os acidentes, e isso também pode ser associado às drogas.”

Laura Helena Guerra Andrade, psquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Acordei doente mental

A quinta edição da “Bíblia da Psiquiatria”, o DSM-5, transformou numa “anormalidade” ser “normal”

ELIANE BRUM
A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: oDSM-5. E, de imediato, virei doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos tiveram pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar. E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”. 
A nova edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) exibe mais de 300 patologias, distribuídas por 947 páginas. Custa US$ 133,08 (com desconto) no anúncio de pré-venda no site da Amazon. Descobri que sou doente mental ao conhecer apenas algumas das novas modalidades, que tem sido apresentadas pela imprensa internacional. Tenho quase todas. “Distúrbio de Hoarding”. Tenho. Caracteriza-se pela dificuldade persistente de se desfazer de objetos ou de “lixo”, independentemente de seu valor real. Sou assolada por uma enorme dificuldade de botar coisas fora, de bloquinhos de entrevistas dos anos 90 a sapatos imprestáveis para o uso, o que resulta em acúmulos de caixas pelo apartamento. Remédio pra mim. “Transtorno Disfórico Pré-Menstrual”, que consiste numa TPM mais severa. Culpada. Qualquer um que convive comigo está agora autorizado a me chamar de louca nas duas semanas anteriores à menstruação. Remédio pra mim. “Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica”. A pessoa devora quantidades “excessivas” de comida num período delimitado de até duas horas, pelo menos uma vez por semana, durante três meses ou mais. Certeza que tenho. Bastaria me ver comendo feijão, quando chego a cinco ou seis pratos fundo fácil. Mas, para não ter dúvida, devoro de uma a duas latas de leite condensado por semana, em menos de duas horas, há décadas, enquanto leio um livro igualmente delicioso, num ritual que eu chamava de “momento de felicidade absoluta”, mas que, de fato, agora eu sei, é uma doença mental. Em vez de leite condensado, remédio pra mim. Identifiquei outras anomalias, mas fiquemos neste parágrafo gigante, para que os transtornos psiquiátricos que me afetam não ocupem o texto inteiro. 
Há uma novidade mais interessante do que as doenças recém inventadas pela nova “Bíblia”. Seu lançamento vem marcado por uma controvérsia sem precedentes. Se sempre houve uma crítica contundente às edições anteriores, especialmente por parte de psicólogos e psicanalistas, a quinta edição tem sido atacada com mais ferocidade justamente por quem costumava não só defender o manual, como participar de sua elaboração. Alguns nomes reluzentes da psiquiatria americana estão, digamos, saltando do navio. Como não há cordeiros nesse campo, movido em parte pelos bilhões de dólares da indústria farmacêutica, é legítimo perguntar: perceberam que há abusos e estão fazendo uma “mea culpa” sincera antes que seja tarde, ou estão vendo que o navio está adernando e querem salvar o seu nome, ou trata-se de uma disputa interna de poder em que os participantes das edições anteriores foram derrotados por outro grupo, ou tudo isso junto e mais alguma coisa?
O crítico mais barulhento do DSM-5 parece ser o psiquiatra Allen Frances, que, vejam só, foi o coordenador da quarta edição do manual, lançada em 1994. Professor emérito da Universidade de Duke, ele tem um blog noHuffington Post que praticamente usa apenas para detonar a nova Bíblia da Psiquiatria. Quando a versão final do manual foi aprovada, enumerou o que considera as dez pioresmudanças da quinta edição, num texto iniciado com a seguinte frase: “Esse é o momento mais triste nos meus 45 anos de carreira de estudo, prática e ensino da psiquiatria”. Em carta aoThe New York Times, afirmou: “As fronteiras da psiquiatria continuam a se expandir, a esfera do normal está encolhendo”.  Não conheço os labirintos da APA para alcançar a resposta, mas acredito que vale a pena ficarmos atentos aos próximos capítulos. Por um motivo acima de qualquer suspeita: o DSM influencia não só a saúde mental nos Estados Unidos, mas é o manual utilizado pelos médicos em praticamente todos os países, pelo menos os ocidentais, incluindo o Brasil. É também usado como referência no sistema de classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É, portanto, o que define o que é ser “anormal” em nossa época – e este é um enorme poder. Vale a pena sublinhar com tinta bem forte que, para cada nova patologia, abre-se um novo mercado para a indústria farmacêutica. Esta, sim, nunca foi tão feliz – e saudável. 
Entre suas críticas mais contundentes está o fato de o DSM-5 ter transformado o que chamou de “birra infantil” em doença mental. A nova patologia é chamada de “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” e atingiria crianças e adolescentes que apresentassem episódios frequentes de irritabilidade e descontrole emocional. No que se refere à patologização da infância, o comentário mais incisivo de Allen Frances talvez seja este: “Nós não temos ideia de como esses novos diagnósticos não testados irão influenciar no dia a dia da prática médica, mas meu medo é que isso irá exacerbar e não amenizar o já excessivo e inapropriado uso de medicação em crianças. Durante as duas últimas décadas, a psiquiatria infantil já provocou três modismos — triplicou o Transtorno de Déficit de Atenção, aumentou em mais de 20 vezes o autismo e aumentou em 40 vezes o transtorno bipolar na infância. Esse campo deveria sentir-se constrangido por esse currículo lamentável e deveria engajar-se agora na tarefa crucial de educar os profissionais e o público sobre a dificuldade de diagnosticar as crianças com precisão e sobre os riscos de medicá-las em excesso. O DSM-5 não deveria adicionar um novo transtorno com o potencial de resultar em um novo modismo e no uso ainda mais inapropriado de medicamentos em crianças vulneráveis". 
A epidemia de doenças como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem mobilizado gestores de saúde pública, assustados com o excesso de diagnósticos e a suspeita de uso abusivo de drogas como Ritalina, inclusive no Brasil. E motivado algumas retratações por parte de psiquiatras que fizeram seu nome difundindo a doença. Uma reportagem do The New York Times sobre o tema conta que o psiquiatra Ned Hallowell, autor de best-sellers sobre TDAH, hoje arrepende-se de dizer aos pais que medicamentos como Adderall e outros eram “mais seguros que Aspirina”. Hallowell, agora mais comedido, afirma: “Arrependo-me da analogia e não direi isso novamente”. E acrescenta: “Agora é o momento de chamar a atenção para os perigos que podem estar associados a diagnósticos displicentes. Nós temos crianças lá fora usando essas drogas como anabolizantes mentais – isso é perigoso e eu odeio pensar que desempenhei um papel na criação desse problema”. No DSM-5, a idade limite para o aparecimento dos primeiros sintomas de TDAH foi esticada dos 7 anos, determinados na versão anterior, para 12 anos, aumentando o temor de uma “hiperinflação de diagnósticos”.  
Pensar sobre a controvérsia gerada pelo nova “Bíblia da Psiquiatria” é pensar sobre algumas construções constitutivas do período histórico que vivemos. Construções culturais que dizem quem somos nós, os homens e mulheres dessa época. A começar pelo fato de darmos a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsicamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.
Parte dos organizadores não gosta que o manual seja chamado de “Bíblia”. Mas, de fato, é o que ele tem sido, na medida em que uma parcela significativa dos psiquiatras do mundo ocidental trata os verbetes como dogmas, alterando a vida de milhões de pessoas a partir do que não deixa de ser um tipo de crença. Talvez seja em parte por isso que o diretor do National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental – NIMH), possivelmente a maior organização de pesquisa em saúde mental do mundo, tenha anunciado o distanciamento da instituição das categorias do DSM-5. Thomas Insel escreveu em seu blog que o DSM não é uma Bíblia, mas no máximo um “dicionário”: “A fraqueza (do DSM) é sua falta de fundamentação. Seus diagnósticos são baseados no consenso sobre grupos de sintomas clínicos, não em qualquer avaliação objetiva em laboratório. (...) Os pacientes com doenças mentais merecem algo melhor”. O NIMH iniciou um projeto para a criação de um novo sistema de classificação, incorporando investigação genética, imagens, ciência cognitiva e “outros níveis de informação” – o que também deve gerar controvérsias.
A polêmica em torno do DSM-5 é uma boa notícia. E torço para que seja apenas o início de um debate sério e profundo, que vá muito além da medicina, da psicologia e da ciência. “Há pelo menos 20 anos tem se tratado como doença mental quase todo tipo de comportamento ou sentimento humano”, disse a psicóloga Paula Caplan à BBC Brasil. Ela afirma ter participado por dois anos da elaboração da edição anterior do manual, antes de abandoná-la por razões “éticas e profissionais”, assim como por ter testemunhado “distorções em pesquisas”. Escreveu um livro com o seguinte título: “Eles dizem que você é louco: como os psiquiatras mais poderosos do mundo decidem quem é normal”.
A vida tornou-se uma patologia. E tudo o que é da vida parece ter virado sintoma de uma doença mental. Talvez o exemplo mais emblemático da quinta edição do manual seja a forma de olhar para o luto. Agora, quem perder alguém que ama pode receber um diagnóstico de depressão. Se a tristeza e outros sentimentos persistirem por mais de duas semanas, há chances de que um médico passe a tratá-los como sintomas e faça do luto um transtorno mental. Em vez de elaborar a perda – com espaço para vivê-la e para, no tempo de cada um, dar um lugar para essa falta que permita seguir vivendo –, a pessoa terá sua dor silenciada com drogas. É preciso se espantar – e se espantar muito.
Vale a pena olhar pelo avesso: quem são essas pessoas que acham que o “normal” é superar a perda de uma mãe, de um pai, de um filho, de um companheiro rapidamente? Que tipo de ser humano consegue essa proeza? Quem seríamos nós se precisássemos de apenas duas semanas para elaborar a dor por algo dessa magnitude? Talvez o DSM-5 diga mais dos psiquiatras que o organizaram do que dos pacientes. 
Há ainda mais uma consequência cruel, que pode provocar muito sofrimento. Ao transformar o que é da vida em doença mental, os defensores dessa abordagem estão desamparando as pessoas que realmente precisam da sua ajuda. Aquelas que efetivamente podem ser beneficiadas por tratamento e por medicamentos. Se quase tudo é patologia, torna-se cada vez mais difícil saber o que é, de fato, patologia. Por sorte, há psiquiatras éticos e competentes que agem com consciência em seus consultórios. Mas sempre foi difícil em qualquer área distinguir-se da manada – e mais ainda nesta área, que envolve o assédio sedutor, lucrativo e persistente dos laboratórios. 
Se as consequências não fossem tão nefastas, seria até interessante. Ao considerar que quase tudo é “anormal”, os organizadores do manual poderiam estar chegando a uma concepção filosófica bem libertadora. A de que, como diria Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal”. E não é mesmo, o que não significa que seja doente mental por isso e tenha de se tornar um viciado em drogas legais para ser aceito. Só se pode compreender as escolhas de alguém a partir do sentido que as pessoas dão às suas escolhas. E não há dois sentidos iguais para a mesma escolha, na medida em que não existem duas pessoas iguais. A beleza do humano é que aquilo que nos une é justamente a diferença. Somos iguais porque somos diferentes. 
Esse debate não pertence apenas à medicina, à psicologia e à ciência, ou mesmo à economia e à política. É preciso quebrar os monopólios sobre essa discussão, para que se torne um debate no âmbito abrangente da cultura. É de compreender quem somos e como chegamos até aqui que se trata. E também de quem queremos ser. A definição do que é “normal” e “anormal” – ou a definição de que é preciso ter uma definição – é uma construção cultural. E nos envolve a todos. Que cada vez mais as definições sobre normalidade/anormalidade sejam monopólios da psiquiatria e uma fonte bilionária de lucros para a indústria farmacêutica é um dado dos mais relevantes – mas está longe de ser tudo. 
E não, eu não acordei doente mental. Só teria acordado se permitisse a uma Bíblia – e a pastores de jaleco – determinar os sentidos que construo para a minha vida. 
  

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Atendimento com psicólogo via internet ganha novas normas


25/06/2012 - 06h00

Atendimento com psicólogo via internet ganha novas normas

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO


O atendimento psicológico via internet, que ocorre por e-mail, MSN ou Skype, poderá ter mais sessões e ganhará maior rigor em seus mecanismos de segurança.
Deve ser publicada nesta segunda pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) uma nova resolução para disciplinar esse atendimento à distância. Mas as medidas só passarão a valer no final de dezembro.
Regulamentada no Brasil em 2005, a orientação psicológica na web atende problemas pontuais do paciente, como dificuldades de adaptação em uma nova cidade, problemas escolares do filho ou questões afetivas.
Para prestar o serviço, o psicólogo deve ter seu site credenciado pelo conselho.
Atualmente, a orientação na internet se limita a dez atendimentos. Com a nova resolução, poderá ter 20 sessões. O aumento das consultas virtuais era uma das principais demandas tanto de psicólogos quanto dos próprios pacientes, segundo Aluizio Lopes de Brito, coordenador da comissão de credenciamento de sites do CFP.
Continua proibido, na nova resolução, o uso da internet para a psicoterapia -mais prolongada, sem limite de consultas. A exceção é para fins de pesquisa.
O atendimento via internet ainda gera críticas entre alguns profissionais. Além de perder o contato pessoal com o paciente no consultório, o serviço virtual perderia em termos de profundidade.
Mas o maior temor dos críticos é quanto ao sigilo da conversa na web. Segundo Brito, os últimos sete anos da prática mostraram que o atendimento on-line é seguro. "Temos bons programas que impedem que a conversa vaze", diz Brito.
Para Eduardo Neger, presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet), o risco de vazamento de informações tende a ser maior do lado do paciente.
Sem um bom antivírus, pode ocorrer que o cliente tenha em seu computador um programa espião, capaz de gravar tudo o que é digitado.
Outra fragilidade é quanto à rede escolhida. O ideal, segundo Neger, é o paciente fazer o atendimento em sua casa, em computador pessoal, com rede própria ou 3G.
A nova resolução diz que o psicólogo deve buscar programas atualizados de segurança, entre outras medidas.
Em 2005, havia cerca de 30 sites para orientação psicológica na web. Atualmente são 204 credenciados pelo conselho (40, porém, estão com a licença expirada).
A psicoterapeuta Rosana Laiza, de São Paulo, presta o serviço via internet desde 2005. A demanda surgiu por sugestão dos próprios pacientes de consultórios.
Ela aprova a expansão do número de sessões. "É importante, porque há pessoas que necessitam de mais consultas. Dez é pouco."

quarta-feira, 6 de junho de 2012

E o sigilo?



Os psicólogos tem a obrigatoriedade de guardar sigilo sobre os atendimentos, conforme o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Sendo assim, como em um consultório, o atendimento online segue esta obrigatoriedade. Para maior segurança, o uso de antivírus é aconselhável, pois a internet é um meio eletrônico vulnerável.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

sábado, 12 de maio de 2012

E a segurança?






 Como fica a segurança em uma Orientação Psicológica Online ?

 A segurança na internet pode ser vulnerável, sendo necessário tomar medidas de segurança para garantir a proteção das informações. 
  • Não utilizar computadores públicos;
  • Não informar a sua senha;
  • Desativar a opção "guardar histórico";
  • Instalar um bom anti-vírus.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A quem se destina a Orientação Psicológica Online?




A Orientação Psicológica Online se destina a adultos e 
adolescentes, 
sendo que os menores de 18 anos devem enviar 
autorização dos pais e/ou responsáveis.